Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,
que penso ver, efêmera,
toda Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.
Meus olhos te ofereço:
espelho para a face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.
Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula,
serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho... E frágil.
Cecília Meireles
in Mar absoluto e outros poemas- 1945-
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