1 de out. de 2013

DESPEDIDA




Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.


Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
-Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.


Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.


A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação. . .
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?


Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra. . .)


Quero solidão.



Cecília Meireles
In: Vaga Música

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