
Abriu-se a janela
que existia no ar.
Ninguém viu pousar
Qualquer sombra nela.
Entre o lago e a lua,
Sozinha subia,
Uma árvore fria,
Delicada e nua.
E, de galho em galho,
Andavam as loucas,
Com cestas e toucas,
Em busca de orvalho.
Azuis, os vestidos,
E o rosto coberto
De um luar incerto,
- com os traços perdidos.
(Certamente para
Que ninguém lembrasse
A dorida face
que amara e chorara...)
As loucas nos ramos
Brincavam. E havia
O ar essa alegria
Que nunca alcançamos.
Pela madrugada,
Desfez-se a janela.
Partiram , com ela,
As sombras do nada.
Cecília Meireles
in: Canções -1956-
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