19 de mai. de 2009

Surpresa


Trago os cabelos crespos de vento
e o cheiro das rosas nos meus vestidos.
O céu instala no meu pensamento
aos seus altos azuis estremecidos.

Águas borbulhantes, árvores tranqüilas
vão adormentando meus tempos chorados.
E a tarde oferece às minhas pupilas
nuvens de flores por todos os lados.
Ó verdes sombras, claridades verdes,

que esmeraldas sensíveis hei nutrido,
para sobre o meu coração verterdes
mirra de primaveras e de olvidos?
Ó céus, ó terra que de tal maneira

ardente e amarga tenho atravessado,
por que agora pensais com tão fino cuidado
vossa mansa,calada, ferida prisioneira?


Cecília Meireles
In: Mar absoluto -1945-

4 comentários:

  1. Este belo poema foi o texto para análise na prova de português no vestibular -1966- da UFC- Fortaleza- no qual fui aprovado.Marcou.

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    1. Também fiz este vestibular. Tirei a maior nota da prova de português da UFC. Como este poema me marcou também e depois é que fui conhecer a obra de C. Meireles...

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  2. muito bonito, gostei muito e achei inspirador para a minha vida

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  3. Eu, também, prestei exame vestibular para Direito, com este poema belíssimo e, hoje estou aposentada, mas, nunca o esqueci!

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