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3 de mai. de 2010

O que amamos está sempre longe de nós


O que amamos está sempre longe de nós:
E longe mesmo do que amamos—que não sabe
De onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

O que amamos está como a flor na semente,
Entendido com medo e inquietude, talvez.
Só para em nossa morte estar durando sempre.

Como as ervas do chão, como as ondas do mar,
Os acasos se vão cumprindo e vão cessando.
Mas, sem acaso, o amor límpido e exato jaz.

Não necessita nada o que em ti tudo ordena:
Cuja tristeza unicamente pode ser
E equívoco do tempo, os jogos da cegueira

Com setas negras na escuridão.

Cecília Meireles.
in Solombra

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