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4 de nov. de 2010

'Para pensar em ti todas as horas fogem'


Para pensar em ti todas as horas fogem;
o tempo humano expira em lágrimas e cegueira.
Tudo são praias onde o mar afoga o amor.

Quero a insônia, a vigília, uma clarividência
deste instante que habito - ai, meu domínio triste!,
ilha onde eu mesma nada sei fazer por mim.

Vejo a flor, vejo no ar a mensagem das nuvens,
- e na minha memória és imortalidade -
vejo as datas, escuto o próprio coração,

E depois o silêncio. E teus olhos abertos
nos meus fechados. E esta ausência em minha boca:
pois bem sei que falar é o mesmo que morrer.

Da vida à Vida, suspensas fugas.


Cecilia Meireles
in 'Solombra'

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