22 de abr. de 2014

Serenata para Verlaine




Trago-te o luar e as folhas secas
e os violinos do outono
e as mãos azuis das águas frescas
às varandas do sono.


Trago-te as estatuas e a dança
das mascaras antigas
e os fluidos pés e a voz escassa
das amadas amigas.


Trago-te a estrela, a rosa, o cisne 
e a etérea balaustrada
em que brandamente se incline
tua alma deslembrada.


Trago-te parques de tão longe 
com rouxinóis nos ramos.
Lerás nos troncos: “Até Hoje,
ó Verlaine, te amamos”.


Trago-te a flor contra o pecado
e  contra o sofrimento.
Com seus perfumes te engrinaldo,
entre fitas de vento. 



Cecília Meireles
Poesia Completa
In: Dispersos (1918 – 1964)


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