Em cânticos, Cecília Meireles nos revela, na melodia de seus versos, sua sabedoria, a um só tempo suave e profunda. Suas palavras, com delicadeza, permitem um olhar diferente sobre a vida: além das frustrações e da aridez do cotidiano, da dor da passagem do tempo, da necessidade premente de amor, da presença constante da morte ... Cecília canta a beleza da renúncia:
“nada é realmente nosso, porque nada permanece. Renunciar às coisas, pode ser, então, uma alternativa à dor por aquilo que perdemos - se nada é nosso, nada pode ser realmente perdido.”
Cada poema nos desperta para o eterno que existe por trás do efêmero, para a luz que permanece a mesma, apesar da mudança das cores. Somos convidados, também, a procurar por nossa própria luz, por aquilo que em nós sobrevive às desilusões e à passagem do tempo. Cada verso nos sussurra, baixinho, a verdade daquela antiga sabedoria oriental: tudo é maya tudo é apenas ilusão.
O livro reúne vinte e seis poemas, todos eles de caráter intimista e introspectivo, alguns com mote vinculado à eternidade e à auto descoberta. Exploram a repetição de palavras e o paralelismo sintático, recursos que conferem aos poemas suave musicalidade.
A edição, ao permitir ao leitor observar os manuscritos da autora, oferece a rara oportunidade de compartilhar alguns de seus processos de produção poética, além de apreciar os delicados desenhos que vai deixando distraidamente em algumas páginas.
Nos poemas de Cânticos, Cecília Meireles utiliza o recurso da repetição de palavras ou de estruturas sintáticas que estabelecem uma relação entre a sonoridade e o conteúdo dos poemas.
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No texto em prosa, ela exterioriza sua perplexidade, enquanto na poesia dos Cânticos ela parece incentivar o marido a não desistir.
Uma última tentativa aconteceu em 1934, quando Cecília Meireles foi convidada pelo governo português a fazer uma série de conferências em cidades como Lisboa e Coimbra. O convite reanimou o casal, especialmente Correia Dias, na expectativa por voltar à terra natal. "O efeito, porém, foi contrário", conta Teixeira. "Cecília foi muito festejada pelos portugueses, que não receberam com o mesmo calor seu conterrâneo.
O resultado foi trágico - de volta ao Brasil, Fernando aprofundou-se em sua crise até se matar, em 1935.
As crônicas, portanto, terminaram como um testemunho de Cecília em seu ímpeto de eternizar seu presente. Em 1939, quando fazia dez anos do início de sua colaboração ao O Jornal, a poeta decidiu recuperar seus artigos e os organizou com a disposição de editá-los
"Relendo-os, verifico, dez anos depois, que ainda me comovem essas páginas. Nelas está minha vida, em toda a sua pureza, numa fase amargurada de construção. Amo essa tristeza conformada da minha disciplina", datilografou ela.
Alexandre Carlos Teixeira
(Neto da poeta em trecho da entrevista a O povo on-line)
O nome correto do neto de Cecília é "Alexandre Teixeira".
ResponderExcluirSou fã, admiradora elouquente. Cresci lendo Cecília e fui influenciada e inspirada nos meus versos pela luz incandescente que nos ilumina, vinda do versos dessa poeta que, de tão viva, se eterniza...
ResponderExcluirImpossível não se sentir poeta ao ler Cecília. Ela também me influenciou em prosa e versos. Sempre a enaltecerei, querida e eterna Cecília.
ExcluirTambém sempre li e amei Cecília Meireles. Ela influencia muito a minha poesia e a minha prosa quando escrevo. Maravilhosa.
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