Seja bem-vindo. Hoje é
10 de nov. de 2009
O VENTO
O cipreste inclina-se em fina reverência
e as margaridas estremecem, sobressaltadas.
A grande amendoeira consente que balancem
suas largas folhas transparentes ao sol.
Misturam-se uns aos outros, rápidos e frágeis,
os longos fios da relva, lustrosos, lisos cílios verdes.
Frondes rendadas de acácias palpitam inquietantemente
com o mesmo tremor das samambaias
debruçadas nos vasos.
Fremem os bambus sem sossego,
num insistente ritmo breve.
O vento é o mesmo:
mas sua resposta é diferente, em cada folha.
Somente a árvore seca fica imóvel,
entre borboletas e pássaros.
Como a escada e as colunas de pedra,
ela pertence agora a outro reino.
Se movimento secou também, num desenho inerte.
Jaz perfeita, em sua escultura de cinza densa.
O vento que percorre o jardim
pode subir e descer por seus galhos inúmeros:
ela não responderá mais nada,
hirta e surda, naquele verde mundo sussurrante.
Cecília Meireles
in Mar Absoluto
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Seja bem-vindo. Hoje é
eu adorei o seu texto e eu sotenho 8 anos e eu vivo entrando no seu saite eu adoro voce um grande beijo e que voce comtinue escrevemdo muitos textos xau
ResponderExcluirolhando a paisagem da página ...ouvindo este violino ... e susurrando as palavras dos poemas ...ah ...Cecília, eu vejo que vc entendia bem sobre o estado de espírito que nos assombra de vez em quando .. e conhecia bem o sentido de cada lágrimas que derramamos.
ResponderExcluirAdoro este blog.Parabéns a todos!
Valeu
ResponderExcluirCecília Meireles é sempre um presente... A poetisa continua na sua caminhada, conquistando e emocionando pessoas, tanto tempo depois de ter deixado de existir fisicamente. Aqui vale a máxima: os homens passam, suas obras permanecem. Viva Cecília Meireles. Viva a sua poesia, que é para sempre.
ResponderExcluir