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7 de jan. de 2010

Espelho cego



Onde a face de prata e cristal puro,
e aquela deslumbrante exatidão
que revela o mais breve aceno obscuro


e o compasso das lagrimas, e a seta
que de repente galga os céus do olhar
e em margens sobre-humanas se projeta?


Onde, as auroras? Onde, os labirintos
- e o frêmito, que rasga o peso ao mar
- e as grutas, de áureos lustres e aéreos plintos?


Ah – que fazes do rosto que te entrego?
- Musgos imóveis sobre a sua luz...
Limos... Liquens... – Opaco espelho cego!


1954

Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)

2 comentários:

  1. eu gosto muito dos poemas de cecilia, acho muito interesante e muito inteligente tambem.. By Kp

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  2. Quando eu era criança; eu tinha essa edição da Cecília Meireles e amava recitar seus poemas para meus amigos e falar sobre a escritora!
    Mas eu perdi esse livro a muitos anos atrás , ei poema que ficou cravado em minha alma é exatamente esse!
    Espelho cego! ❤️

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