Felizes os que podem mover facilmente os olhos, sem os ver transbordar,
oh! abrir e fechar as pálpebras de mil modos,
refletir as variedades do mundo,
revelar as ramagens múltiplas e delicadas da alma
- levemente.
Eu, do coração para cima sou toda lagrimas:
qualquer movimento abala esta secreta arquitetura,
qualquer pequeno descuido pode derramar este oceano
sempre crescente.
Felizes as folhas que o vento da sua carga de orvalho.
Felizes.
Mas o Anjo repete-me sobre cada passo do ponteiro:
“Sustenta a agonia para sempre intacta!”
Para sempre a sustento.
Agosto, 1955
Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)
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