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14 de abr. de 2009

Pavilhão Mourisco, O Fim.


Apesar de todo esse empenho, a biblioteca teve os seus dias contados. Com a demissão de Anísio, em 1935, a biblioteca teve dificuldades em continuar existindo. Em 19 de outubro de 1937, em plena vigência do Estado Novo, o Centro foi invadido pelo interventor do Distrito Federal. O fechamento se prendeu ao fato de que a biblioteca teria no seu acervo um livro de conotações comunistas, cujas idéias eram perniciosas ao público infantil.

Tratava-se d’As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain. Em ofício do dia 25/10/37, Cecília relata os últimos acontecimentos ao chefe do Departamento de Educação. Segundo ela, o livro em questão foi enviado pela própria BCE através do sistema de repasse de obras às bibliotecas do Distrito Federal. Quanto ao teor do livro, garantia que se tratava de um clássico da literatura infantil mundial, largamente utilizado nos Estados Unidos, nas escolas tanto protestantes quanto católicas; utilizado na França onde fazia parte do catálogo de livros recomendáveis para a infância e a adolescência; também na Inglaterra, onde eram severos e escrupulosos em matéria de obras oferecidas às crianças, a obra era recomendada e mesmo incentivada e constava do acervo e dos programas escolares.

Mesmo a Itália fascista não eliminara o livro de suas listas, continuando a ser amplamente lido por crianças de todas as idades. Sua reclamação não obteve resposta e a biblioteca permaneceu fechada. O prédio do Mourisco se transformou rapidamente num ponto de coleta de impostos, ficou abandonado por vários anos para ser totalmente demolido em 1952, durante a construção do Túnel do Pasmado.


Os livros foram para a biblioteca de uma escola da zona sul no bairro da Urca, a Escola Minas Gerais, onde foram amontoados e relegados ao tempo, às traças, ao esquecimento...

Fonte: www.anped.org.br

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