
O rosto que me encontro
e que a nuvem contempla
vai-se mudando noutro
só pelo que relembra.
De caminhos andados,
se levanta e suspira,
contando sonhos gastos
e palavras perdidas.
Tudo o que parecia,
tudo quanto não era,
tirou-lhe o gosto à vida
e a ternura da terra.
Guardei para o silencio
os tempos de renuncia:
quando meus sonhos penso,
vejo que sempre é nunca.
E é tão bela a tristeza,
que nem o amor alado
deixará dentro dela
mais que um desenho vago.
(Areia que aparece
dentro de águas que fogem,
sinto que te disperses
pela memória, longe...)
Cecília Meireles
In: Canções (1956)
Vamos fazer de cada espinho
ResponderExcluirA esperança de encontrar uma rosa
E de cada dor
A possibilidade de um sorriso.
(Clarice Lispector)
Feliz Semana e o meu carinho...M@ria