18 de jul. de 2009

Embalo



Adormeço em ti minha vida,
- flor de sombra e de solidão -
da terra aos céus oferecida
para alguma constelação.

Não pergunto mais o motivo,
não pergunto mais a razão
de viver no mundo em que vivo,
pelas coisas que morrerão.

Adormeço em ti minha vida,
imóvel, na noite, e sem voz.
A lua, em meu peito perdida,
vê que tudo em mim somos nós.

Nós! - E no entanto eu sei que estão
brotando pela noite lisa
as lágrimas de uma canção
pelo que não se realiza...


Cecília Meireles
In: 'Vaga Música'

Um comentário:

  1. Como é que você n‼o tem nenhuns comentários neste sublime poema no qual me encontro totalmente! E que bela música para o acompanhar...

    Porquê a efemeridade de todas as coisas? Absurdo! Ouvi dizer que tudo vale a pena quando a alma não é pequena... mas começo a duvidar...
    será que vale a pena penar?

    Rogério

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