4 de jan. de 2010

Pergunto-te onde se acha a minha vida


('The Countess Brownlow' painting by Frederic Leighton)

Pergunto-te onde se acha a minha vida.
Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída.


Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.


E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida
por esperanças hereditárias? E de cada
pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
que envolve a posição dos olhos de quem pensa.


Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silencio da coisa irrespondida.



Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)

Um comentário:

  1. Há muito que sigo o seu blogue e fico sempre emocionada pela profundidade de cada poema, de cada verso, de cada palavra.
    Este então mexeu muito comigo talvez porque me identifiquei profundamente nele.
    Se não se importar vou postá-lo no meu blogue.
    Um abraço fraterno

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