23 de fev. de 2014

Eternidade inútil




Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:


tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.


Não chorarei minha triste brevidade:
unicamente a alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvens, n’água.


A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.


O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil.



Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)






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