Trago-te o luar e as folhas secas
e os violinos do outono
e as mãos azuis das águas frescas
às varandas do sono.
Trago-te as estatuas e a dança
das mascaras antigas
e os fluidos pés e a voz escassa
das amadas amigas.
Trago-te a estrela, a rosa, o cisne
e a etérea balaustrada
em que brandamente se incline
tua alma deslembrada.
Trago-te parques de tão longe
com rouxinóis nos ramos.
Lerás nos troncos: “Até Hoje,
ó Verlaine, te amamos”.
Trago-te a flor contra o pecado
e contra o sofrimento.
Com seus perfumes te engrinaldo,
entre fitas de vento.
Cecília Meireles
Poesia Completa
In: Dispersos (1918 – 1964)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito grata por seu comentário, ele é muito importante para nós!