12 de abr. de 2009


Metamorfose

Súbito pássaro
Dentro dos muros,
Caídos,

Pálido barco
Na onda serena
Chegado

Noite sem braços!
Cálido sangue
Corrido.

E imensamente
o navegante
mudado.

Seus olhos densos
Apenas sabem
Ter sido

Seu lábio leva
Um outro nome
Mandado

Súbito pássaro
Por alta nuvem
Bebido

Pálido barco
Nas flores quietas
Quebrado

Nunca, jamais
E para sempre
Perdido

O eco do corpo
No próprio vento
Pregado.

Cecília Meireles
Viagem, 1.938

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