12 de abr. de 2009

Valsa



Fez tanto luar que eu pensei em teus olhos antigos
e nas tuas antigas palavras.
O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos
que tornei a viver contigo enquanto o vento passava.

Houve uma noite que cintilou sobre o teu rosto
e modelou tua voz entre as algas.

Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege
e estudo apenas o ar e as águas.

Coitado de quem pôs sua esperança
nas praias fora do mundo...

- Os ares fogem, viram-se as água,
mesmo as pedras, com o tempo, mudam.

Cecília Meireles
Viagem, 1.938

4 comentários:

  1. Maravilhoso, só ela para descrever tão bem as perdas. E ela mostra com leveza que tudo é transitório.Parabéns para os responsáveis do blog.

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  2. Tadeu542003@yahoosetembro 17, 2015

    Poema de uma leveza e ao
    mesmo tempo de tamanha profundidade!

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  3. Tadeu542003@yahoosetembro 24, 2015

    Mais do que nunca, Cecília nos passa a ideia de uma realidade plástica, que em pouco tempo se desfaz, restando-nos a eternidade de um poema!

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  4. Poema que me acompanha desde que me lembro .Tirou de dentro de mim .

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