19 de mai. de 2009


COMO NUM EXÍLIO
como nas guerras,
meu amigo é morto,
sem nenhum conforto,
em longes terras.

Para consolá-lo,
mandei-lhe versos.
Porém, nada acalma
cuidados da alma
no amor dispersos.

Palavras, palavras,
sobre uma vida.
Ai, ninguém socorre!
Meu amigo morre
sem despedida.

Andamos tão longe!
tão separados!
Morto é o meu amigo,
entre um mar antigo
e céus toldados.

Mas tudo é tão belo,
embora triste,
que já não me importa
sua vida morta,
se em mim subsiste.


Cecília Meireles
In: Canções

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