19 de mai. de 2009


LONGE, meus amores,
tranqüila, guardei-os.
Às vezes, me ocorre:
serão meus, ou alheios?

(A rosa em seu ramo,
o ouro, nos seus veios:
-quem é dono certo,
dono e sem receios?)

Ah, belos amores,
sem fins e sem meios . . .
Hei de amar-vos menos,
por serdes alheios?

Guardei meus amores.
Perdi-os? Salvei-os?
-Minhas mãos, vazias.
E meus olhos, cheios.

Mais doce é o deserto,
para os meus recreios.
Em tempo de morte,
que importam amores,
nossos ou alheios?


Cecília Meireles
In: Canções

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